DANÇA (55 X 45cm) - ÓLEO SOBRE TELA, 2005.
Trabalhei nesta pintura uma composição em forma de cruz
dividindo o espaço em quadrantes regulares, disposição que comumente valoriza
o estático, porém não é isso que é visto. As curvas se encarregaram de quebrar essa
tendência, impondo movimento, proporcionando uma leveza especial e envolvente.
Como num jogo em que foram estabelecidas as regras, estas permitiram contornar as intenções da cena,
costurando os acordos de entrega expressos no olhar resignado e na não palavra.
O encontro da cruz proporcionado pelos corpos criou um centro de onde partiu um movimento de rotação, da
direita para esquerda, acionado, principalmente, pela forma escura e pontiaguda,
seta, do cabelo que indica a direção. Ação valorizada, ainda, pela orientação
das curvas, a inclinação dos corpos e a textura do fundo do quadrante direito, no
alto, que sugere peso, devido a incidência de mais constraste com relação ao lado oposto, o esquerdo, de textura mais esfumaçada e uniforme. As cores quase
translúcidas estabeleceram o ambiente mediador onde ocorre o desenlace dos
corpos, fundindo-se sob o comando do sentimento de carinho, único e só sentido. Os
contornos, por sua vez, perdendo o sentido demarcador do mundo físico, tornaram-se sinalizadores, grafia
da emoção.