quinta-feira, 30 de maio de 2013

GALERIA - TELA 03

DANÇA (55 X 45cm) - ÓLEO SOBRE TELA, 2005.

Trabalhei nesta pintura uma composição em forma de cruz dividindo o espaço em quadrantes regulares, disposição que comumente valoriza o estático, porém não é isso que é visto. As curvas se encarregaram de quebrar essa tendência,  impondo  movimento, proporcionando uma leveza especial e envolvente. Como num jogo em que foram estabelecidas as regras, estas  permitiram contornar as intenções da cena, costurando os acordos de entrega expressos no olhar resignado e na não palavra. O encontro da cruz proporcionado pelos corpos criou um centro de onde partiu um movimento de rotação, da direita para esquerda, acionado, principalmente, pela forma escura e pontiaguda, seta, do cabelo que indica a direção. Ação valorizada, ainda, pela orientação das curvas, a inclinação dos corpos e a textura do fundo do quadrante direito, no alto, que sugere peso, devido a incidência de mais constraste com relação ao lado oposto, o esquerdo, de textura mais esfumaçada e uniforme. As cores quase translúcidas  estabeleceram o ambiente mediador onde ocorre o desenlace dos corpos, fundindo-se sob o comando do sentimento de carinho, único e só sentido. Os contornos, por sua vez, perdendo o sentido demarcador do mundo físico, tornaram-se sinalizadores, grafia da emoção.




   

segunda-feira, 27 de maio de 2013

GALERIA - TELA 02

"Expansão" Óleo sobre tela (60 x 60cm), 2011. Disponível para venda.

A estrutura é o arcabouço de sustentação que planifica os fundamentos do vir a ser. Nela encontra-se as bases que estabelecem o âmago das coisas. Revelando-a estaremos nos desnudando dos tratados das superfícies que a mascaram, devido as contigências das relações dos corpos impostas pela sociedade que estabelece configurações padrões, contornos aceitáveis, reconhecidos como normais. Ao desvelá-la, surge, então, verdadeira e sem subterfúgios, crua ao limite para dar o de si numa entrega intensa ao banquete judicioso das relações, contrariando o olho acostumado ao caminho único, solicitando ao espectador novas acomodações de entendimento. Assim, que nos falte os contornos que nos aprisionam e oprimem e que, ciente, possamos vazar para nos preenchermos de infinito, o porvir! 

GALERIA

Óleo sobre tela, 2010, Fraternidade. Acervo de Carlos Barata/Currais Novos-RN

A busca pelo o essencial conduz os recursos pictóricos desta obra, tendência desenvolvida atualmente em minha pintura. Desta forma, ela vem se adequando, encontrando respostas para expressar da melhor maneira as impressões sobre aspectos da condição humana, foco escolhido para minhas reflexões.   
Considerando que o indivíduo é parte de um todo, isto é, parte de uma mecânica universal, ele não se completa por si, como pensa o homem. Sua natureza estrapola os limites visíveis determinado pela visão predominantemente material, conforme às referências do mundo físico, estendendo-se para além do suposto corpo,  ampliando seu organismo sensível, integrando-se e revelando à verdadeira natureza humana. Assim, podemos entender os recursos empregados nesta pintura que estão sujeitos ao sentimento que a norteia, permitindo um sentido que a torna factual.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

MEDITAÇÃO

Local de trabalho.

Como vocês podem observar a obra acima está inacabada, algumas áreas não foram definidas e estou trabalhando-as para harmoniza-las ao todo. 
A ideia foi desenvolvida por acaso, quando em meio à leitura de um livro senti vontade de desenhar . Fiz alguns rabiscos numa folha de papel com intuito, unicamente, de brincar com as formas. Mas, tendo como partida, para isso, os esquemas de desenho que venho desenvolvendo. No transcorrer do experenciar fui conduzido pelo sentir e formulando sentidos configurações. A certo momento, associei o desenho a uma pessoa meditando. A partir daí, orientei o desencadear dos elementos compositivo para esse fim. 
Minha intenção era capturar um flagrante do que sentimos quando adentramos num estágio de concentração e temos a sensação de perdermos o referencial físico material: a noção de tempo, espaço e situacional, abrindo uma janela para o desconhecido universo interior.
Tive a preocupação em estabelecer um ritmo que envolvesse todos os elementos compositivo. E isso esta sendo um desafio.
Observem que defini um ponto, que atrai todas as outras formas, e ,estas, gravitam no seu entorno. Ao mesmo tempo, tambem dá margem a fazer uma relação com à íris do olho da figura, que foi deslocada. Tal procedimento torna-se possível devido a perda da noção do mundo físico. Olho condutor para o ver-se interior (01-figura A).
figura A
 As cores foram escolhidas a partir da paleta que ultimamente tenho usado. Prefiro os tons quentes e marrons, com ênfase no amarelo. Procuro criar uma certa monocromia, visto que, considero relevante a integração das formas e figuras e isso facilita (veja página "O Desenvolvimento do Estilo"). Vou reforçar mais os contrastes, em especial, nas áreas 02 e 03 (figura A). Desse modo, crio uma certa moldura e, ao mesmo tempo, faço uma referência ao lado escuro da busca da luz: dualidade, pólos contrário, dinâmica em que desenvolve-se a lei natural das coisas. Nesse sentido, o ser humano, apresenta-se em transformação, em busca da luz, metáfora ao crescimento de humanidade.
O ponto 04 (figura A) assinala uma correção que gostaria de efetuar, que não me agradou. Pretendo desfazer essa curva, acho que ela delimita uma forma, que centraliza muito peso (atenção). Retirando-a a figura ficaria mais vazada e fragmentada, dissipando-a no espaço de luz. No entanto vejo que não vai ser possível, então, me resta suavizá-la.

 Reforcei, por fim, com laranja a parte central. Vejo que me aproximei de uma situação mais estável, harmonizando as partes que compõe a obra. Não pretendo interferir mais. Resta assinar.